sexta-feira, 2 de março de 2012

Primeira entrevista: Lorena Nabanete dos Reis

    Vou começar essa "Tag" com a Lorena Nabanete dos Reis, ex-ginasta, hoje mestra em Educação Física, professora da Universidade Federal do Ceará e uma eterna apaixonada pela Ginástica em toda sua essência,   e que mesmo com tantos obstáculos no caminho da vida, não se deixou levar pelos " e se", seguiu em frente, realizou, realiza e tenho certeza que seguira trilhando caminhos e descobertas os inesquecíveis e maravilhosas!
    Conheci Lorena quando estudava na Universidade Estadual de Maringá e digo que ela foi a pessoa que me fez enxergar a GR de uma maneira que entraria no meu sangue e se tornaria mais que uma profissão, a minha inspiração de vida! A família de Lo me adotou por um ano e nesse período eu pude descobrir como a Ginástica Rítmica tem o poder de transformar as pessoas, como que ao assistir aos mesmos vídeos dezenas de vezes e sempre parecer como se  fosse a primeira vez, como não se deixar desanimar mesmo naqueles momentos que nada dá certo, abrir as portas de sua casa e sua vida para alguém sem pedir referências anteriores...
    Lorena foi daquelas ginastas que praticava o esporte por amor e lutava para descobrir o novo e desfrutava cada segundo de suas séries.
    Desfrutem!


Por quantos anos você praticou a Ginástica Rítmica?
- Contando desde a iniciação até a época que tive que parar foram 9 anos, um pouco mais.
Quais foram as suas maiores dificuldades ?
- Olhando para trás, hoje vejo que as dificuldades que eu julgava realmente complicadas, não foram tanto assim. Acredito que para qualquer ginasta que tem dificuldades com exercícios de flexibilidade, que não tem uma pré disposição para esse tipo de exercícios, sofra um pouco com dor durante toda sua vida de ginasta. Mas no fundo, isso sempre foi um desafio. Apesar de ter essa dificuldade, eu tive algumas facilidades em outros aspectos, que sempre foram reconhecidos por minha técnica Ieda Parra Barbosa Rinaldi, que por sinal soube muito bem como nos mostrar o valor que cada uma tinha para a equipe. Acho que posso dizer que a maior dificuldade que tive, foi a minha retirada do esporte, já que acabei parando em decorrência de uma lesão do cérebro que descoordenou parte de meu corpo  por algum tempo. Senti que foi algo que talvez eu não fizesse naquele momento, mas que a própria vida tratou de traçar os rumos. Talvez isso tenha me ajudado a seguir nessa carreira de professora.
Quais foram as suas maiores alegrias?
- Sem dúvida alguma, o reconhecimento. Seja em forma de uma medalha, um elogio, uma palavra, um abraço.  Isso sempre me fez muito bem. Mas a maior alegria que a ginástica pode ter me proporcionado durante toda a minha vida, são as minhas grandes amigas, que carrego até hoje, como se o tempo não tivesse passado, como se a distância e a vida de gente grande não fizesse diferença. Isso fez toda a diferença.
Você tinha alguma superstição?
- Não. Nunca fui de ficar muito ansiosa com as competições, então acho que isso ajudava um pouco a não recorrer às superstições.
O que mais te motivava a torcida a favor ou a torcida contra?
- Com certeza a torcida a favor. O que mais me motivava era ouvir o aplauso do público. Percebo hoje, que o que eu fazia, era pra que as pessoas se apaixonassem pela ginástica como eu era apaixonada. Que elas quisessem me assistir porque aquilo era bonito, porque aquela música que escolhi tocava de alguma forma cada um que estava ali, porque cada movimento era pensado em surpreender e agradar as pessoas. A torcida contra nunca me incomodou.
Você mudaria alguma coisa na sua carreira desportiva?
- De forma alguma. TUDO que vivi foi muito importante pra eu me tornar a pessoa que sou hoje. Desde receber uma medalha tão esperada, de levar um tombo na série, de perder o arco naquela final, de passar os feriados e férias treinando, de abrir mão de muita coisa, até as lesões, foram importantes nesse processo. Sempre tive boas orientações na minha carreira e por isso, sei que cada momento me trouxe lições de vida e hoje consigo enxergar o real papel que a ginástica teve na minha vida.
Uma boa técnica é aquela que...
- Consegue encontrar na sua ginasta de onde vem a sua vontade de treinar, que consegue mostrar tudo o que ela tem de bom, que apoia quando é necessário, que exige o que for preciso para colher o melhor, que dê colo quando achar que deve, mas saiba a hora da bronca. Mas além disso, acima de tudo saiba ver a menina, a criança, a mulher que tem por perto e saiba o valor que essa pessoa tem para o seu trabalho, para a sua vida.

Sentido horário: Jogos de pijaminha, Trenzinho na night, Olímpiadas Internas Regina Mundi, Primeira apresentação de Ginástica Rítmica em Mato Grosso, Pós Festival de GR.
Se você pudesse trocar de lugar com uma ginasta por um dia, qual seria?
- Não consigo me imaginar como outra pessoa... Mas pensando na ginasta e em seu potencial em fazer algo que considero louvável, que sempre teve o carinho e admiração do público, apesar de não estar nas primeiras colocações, foi Teodora Alexandrova. Ela levantava o ginásio com seus giros, sua agilidade em geral e seu manejo de material excelente, sem contar que suas séries sempre nos revelava a música, todos os detalhes da música apareciam por meio de seus movimentos, linda!


Você acha que as amizades dentro do ginásio são prejudiciais ao rendimento da equipe, ou a competitividade é sadia?
- Desde que haja um ambiente de respeito entre ginastas, técnicos, regras de convivência dentro do grupo, as amizades de forma alguma prejudica o rendimento da equipe. Você ter pessoas nas quais você confia ao redor, só podem te impulsionar a crescer dentro do esporte. A competitividade é natural do ser humano, ela acaba aparecendo em uma equipe, mas acredito que ela não deva ser incentivada de forma que os valores de respeito e amizade que criam uma boa convivência em grupo fiquem em segundo plano.
 Você teve muitas lesões, se sim em qual (s) partes do corpo?
- Tive uma lesão mais grave que foi uma distensão muscular na perna, que me incomodou por um tempo, mas tomei os cuidados necessários e consegui uma boa recuperação.
Vale tudo por um resultado?
- Não. Um resultado é momentâneo, passageiro e muito pequeno frente a toda uma vida. Vale todo o esforço, todo o treino, todo o cansaço, todo o choro por um resultado, mas nunca vale passar por cima de seus princípios, desviar o seu caráter e a sua ética por um resultado. Jogando limpo com os outros e consigo mesma, muita coisa vale!
E muito complicado administrar os sentimentos quando você termina sua carreira como atleta e inicia outros projetos?
- Como eu já disse, essa talvez tenha sido um dos momentos mais difíceis da minha carreira, o fim. Você se ver fora da quadra, não mais realizando aquelas funções de antes, sem ter a rotina do treino, te mostra que algo novo está por vir e tudo que é novo assusta. A ginástica rítmica é algo que você se apaixona de uma forma, que qualquer relação com ela acaba tendo que permanecer na sua vida. Na minha, veio na profissão. Sempre acreditei que seria treinadora e esse realmente foi meu primeiro papel fora da vida de ginasta. Aquilo de alguma forma me mantinha no mesmo pique de antes, na mesma rotina, me fez aprender muito. Mas hoje percebo que foi apenas uma passagem que me levou para a minha real vocação que é lecionar no ensino superior, claro, na área da ginástica. Toda passagem ensina, toda mudança faz crescer. Os sentimentos só ficam um pouco confusos nessas fases, mas logo resolvem se mostrar de verdade e tudo fica claro.
 Qual o momento ou série que você vai levar por toda a vida?
- Despedida de Almudena Cid, nas Olimpíadas de Pequim. Que momento lindo... De se emocionar fácil. É muito bom ver que alguém faz o que faz por amor de verdade.
Você pratica algum esporte hoje em dia?
- Coordeno um projeto na Universidade Federal do Ceará, de Ginástica Geral. Temos um grupo voltado para a formação inicial e continuada de acadêmicos e  profissionais de educação física. Funciona com vivências práticas de diversas manifestações gímnicas e dessa forma ainda consigo praticar um pouquinho. Acho que a ginástica nunca vai sair de mim e vice-versa!
Qual mensagem você deixa para as meninas que amam este esporte
- Que vivam o presente com toda intensidade. Cada momento dessa carreira tem sua beleza, tem sua lição e deve ser guardado com carinho, pois todos eles representam a sua busca pelo sonho de ser uma grande ginasta. 
De todo meu coração obrigada por tudo!!!!!
    E depois de uma estréia mara com a Lo, podem esperar entrevistas com técnicas, ginastas, ex-ginastas, árbitros e pessoas que contribuíram e seguem contribuindo para que esse esporte siga crescendo cada vez mais!!!
Beijos y Hasta la vista!!!

7 comentários:

  1. Que legaaal Flavitcha! Muito chique sua entrevistada! Heheheh... Com certeza o esporte traz lições, ensinamentos e pessoas que ficam pra vida toda! Assim como trouxe-nos umas às outras! Parabéns pela entrevista Flávia e Lô! Bjos

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    1. Valeu Fer! Eu sou uma apaixonada por esportes e pelo que o esporte traz pra vida das pessoas e o que fica sempre são as pessoas e acho que esse foi a maior razão do blog existir compartilhar meu amor pelo esporte e pelas pessoas! Beijo

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  2. Flá... fiquei muito emocionada com o convite, chorei sozinha aqui e tentei passar um pouquinho do que a ginástica representou na minha vida. Acho lindo o espaço que a ginástica ganhou na sua vida e me orgulho de ter feito parte desse comecinho... Muito obrigada por essa homenagem linda que só mostra a grande pessoa que você é, reconhecendo as coisas mais simples e maiores da vida que são as amizades. Beijããão! Obrigada!

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    1. Eu que fico mega feliz por você ter aceito e agradecida sempre! Você que me emocionou e muito..

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  3. Flavitcha....obrigada pelo carinho com a Lo; tenho saudades dos tempos em que organizávamos as torcidas e voce bradava a plenos pulmões : " Luz na passarela que lá vem ela ",mostra que a GR estava enraizando em voce e posteriormente incorporou-se a sua vida, fazendo com que você optasse por viver distante da sua família para iniciar na modalidade.
    Voce diz que a Lorena fez vc se apaixonar pela GR: em contrapartida, voce fez com que nós nos interessassemos pelo "seu" atletismo e basquete e aprendemos que existem uma centena de outros esportes e que todos merecem nosso respeito e admiração.
    Grande beijo minha " filhota" postiça :)

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    1. Oh minha linda.. pois é são tempos que passam mais que jamais serão esquecidos. Vocês Lo, Di e você me ajudaram tanto e em tantas coisas e em tantos momentos...
      Beijo gigante e obrigada por tudo!

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  4. Ahhhh! Chorei!!!
    Muito lindo Flá e Lo! Fiquei muito emocionada e lembrei de tudo que passamos juntas e que eu nem me dava conta que era uma história tão rica. Parabéns à Flávia pela iniciativa e a Lo por ter preenchido cada resposta com uma lição de vida. Você sabe o quanto te admiro e o quanto te amo!
    Vocês merecem brilhar muito!
    Bjs Gabi

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